quinta-feira, 28 de maio de 2015

Análise de estilo: Romero Lubambo e o violão brasileiro no jazz

Amigos,

No último sábado tiver o prazer de assistir um show de Romero Lubambo e comprovar ao vivo que estava diante de um dos maiores guitarrista da atualidade. Carioca, radicado há mais de 20 anos nos EUA, se tornando merecidamente um dos mais respeitados músicos no circuito mundial do jazz e da música instrumental.


Pode parecer estranho para alguns um brasileiro tocando jazz mas garanto que nenhum americano ou europeu se surpreende com esse fato, isso porque a nossa bossa nova, que tão bem incorporou as harmonias jazzísticas, conquistou o mundo a partir dos anos 60 e hoje, representa uma parte muito significativa de qualquer repertório jazzístico. Dessa maneira, o Brasil se tornou o segundo país mais importante no jazz, atrás apenas dos EUA.

A guitarra brasileira (vamos lembrar que guitarra e violão são o mesmo instrumento !) também há muito já conquistou os EUA e o mundo, nomes como Laurindo Almeida, Bola Sete, Toquinho, Toninho Horta e Baden Powell são mais do que conhecidos fora do Brasil.

No caso do Romero, o que impressiona é versatilidade com que ele transita entre o violão brasileiro e os estilos de jazz tradicional. Como falei antes, as harmonias da bossa nova são afins com as do jazz, porém, nossos instrumentistas costumam improvisar em um contexto bem mais melódico que os jazzistas tradicionais. Mas o Romero consegue adaptar muito bem essas diversas referências estilísticas de acordo com o contexto em que toca, mantendo sempre sua fluidez impressionante e sua personalidade em todos os seus improvisos. Essa capacidade de assimilação é o seu diferencial, embora tenhamos grandes jazzistas no Brasil, considero que apenas Romero Lubambo e Helio Delmiro chegaram nesse nível.

Vou colocar dois vídeos incríveis de uma apresentação do Romero com o grande Cesar Camargo Mariano, o primeiro, "No Rancho Fundo", o improviso do Romero é uma joia em si, mostrando bem a arte de construir um solo, começando devagar, aumentando depois a fluência e velocidade e finalizando com improviso em bloco de acordes. Vale a pena também escutar a gravação original dessa música, onde a guitarra foi tocada por Helio Delmiro.



No segundo vídeo, "April Child", o improviso do Romero mostra bem todo o seu virtuosismo, usando muitos ligados e cromatismos:



Outra coisa que impressiona no Romero é como ele arrasa tanto no papel de "sideman", tocando no contexto de uma banda quanto como solista, tocando arranjos que mesclam chord melody, solos, linhas de baixo e tudo o mais, como nesse grande arranjo de "Influência do jazz", música de Carlos Lyra, uma obra prima de virtuosismo e bom gosto !



É brincadeira isso né ? Acho que eu vou tocar corneta...

E para finalizar, destaco o desempenho do Romero na guitarra elétrica, é verdade que a praia dele é mais o violão mas quando pega a guitarra, seja tocando com os dedos ou com a palheta, soa maravilhosamente bem, mostrando um completo domínio da dinâmica e sonoridade do instrumento elétrico !

Vamos ver isso nesse excelente especial, onde Romero toca em algumas músicas em uma bela Yamaha Pacifica Mike Stern signature, que aula de música essa apresentação !



É isso, abraços a todos !

sexta-feira, 15 de maio de 2015

B.B. King - 1925 / 2015

Quando perdemos alguém assim, nem há o que dizer...

Vou deixar apenas a emocionante e lindíssima canção que Robben Ford compôs em homenagem ao Mestre, saudades eternas...