domingo, 24 de novembro de 2013

Uma proposta para as reviews de guitarra !

Olá !

Vamos continuando com o assunto review.

No post de ontem vimos alguns problemas que podem comprometer a credibilidade das reviews de instrumentos, dentre eles o interesse comercial e a falta de experiência de quem faz a avaliação.

Na opinião do Blog, a  melhor solução seria criar um método que permita separar o que é fato das impressões, opiniões e preferências de quem avalia, ainda que estas também sejam importantes.

A nossa proposta é criar um critério de pontuação e julgamento que resulte uma NOTA OBJETIVA para o instrumento, conseguida esta nota aí sim podemos considerar as opiniões e impressões subjetivas.

Difícil ? Sim, mas não impossível. Para chegarmos nessa pontuação, vamos utilizar uma técnica chamada "nota percentual acumulada". Este método é utilizado para pontuar julgamentos técnicos em licitações e outras aplicações. Funciona assim: uma guitarra, no exemplo uma Stratocaster, valeria no máximo 100%. Estes 100% nós vamos dividir, digamos 25% para a construção, 10% para o acabamento, 20% para as madeiras, 25% para a parte elétrica 15% para as ferragens e 10% para os plásticos. Depois, vamos pegar cada item destes e subdividir atribuindo novos percentuais, por exemplo, a parte elétrica seria dividida em captadores, chave de seleção, potenciômetros, capacitor, fiação e blindagem. Estabelecemos mais uma vez os percentuais. Por fim, pegamos estes itens e novamente subdividimos, por exemplo os captadores seriam divididos segundo os tipos mais comuns em:

Cerâmicos Genéricos de baixa qualidade
Cerâmicos Genéricos de boa qualidade
Cerâmicos de marca de 1a Linha
Alnico Genéricos
Alnico de Marca de 1a Linha
Ativos
Noiseless
Captador Custo Shop ou "de boutique"

Estabelecidas os percentuais para cada um, bastaria o usuário marcar qual captador a guitarra possui. A nota final é obtida multiplicando os percentuais da "árvore" de divisões e somando.

Parece complicado, não ? Felizmente existem as planilhas Excel que facilitam essa implementação !

Abaixo, uma foto de parte da nossa planilha de avaliação (clique nela para ampliar):


Bacana, não ? Listar os itens a ser avaliados não é difícil, o problema é estabelecer os percentuais... Aí é que está, jamais encontraremos dois guitarristas que concordem com os percentuais que eu estabeleci, normal isso, rsrs !

Mas o caso é o seguinte, podemos discutir e estou aberto a sugestões para alterar os percentuais, caso argumentos mais fortes do que os meus sejam apresentados e quem não concordar de jeito nenhum poderá baixar a planilha e modificá-la como achar melhor, criando seu próprio critério, ok ?

Nessa metodologia, uma Fender American Standard conseguiu uma nota de 8,9 (89%)

A planilha terá ainda outras abas para registrar os dados da review, as opiniões e impressões e as fotos.

Daqui para frente, todas as reviews do blog serão feitas nessa metodologia, que ainda está sendo aperfeiçoada. Por enquanto criei apenas o modelo que serve para avaliar Strats e Teles, depois crio as outras.

No próximo post, a primeira review nessa metologia,  a da guitarra Tagima Woodstock TG-530.

Por enquanto, quem quiser dar uma olhada na planilha dessa review, clique AQUI


sábado, 23 de novembro de 2013

Mas qual é o problema com as reviews de guitarras ?!

Olá, newbies do bem!

O ano está terminando e daqui para a frente, o blog ficará mais focado nas reviews de instrumentos, uma vez que os assuntos básicos já estão bem documentados aqui. Mas vamos iniciar uma discussão sobre os objetivos, qualidades e problemas com as reviews, para que não incorramos nos mesmos erros que temos observado com relação a esse assunto.

Acho que todos sabem o que é uma review, é o registro da opinião de quem comprou um instrumento ou teve a oportunidade de testá-lo, relatando os pontos positivos e negativos, e ainda, talvez, recomendando ou não a sua compra para outros interessados.

Vamos encontrar reviews nas revistas e sites especializados, nos blogs, comunidades e fóruns da internet, e, ainda, as vídeo reviews no YouTube, cada vez mais comuns.

O problema começa quando analisamos a credibilidade dessas reviews.

Quando a review vem de uma revista, site especializado ou mesmo um canal de vídeo com milhares de seguidores, temos que considerar a possibilidade de que exista interesse comercial envolvido. Vejam o caso das revistas, elas perderam muitos leitores por causa da internet, será que possuem independência para apontar pontos negativos sem o receio de perder anunciantes, que já são tão poucos ?

No caso dos fóruns, o problema é outro: não sabemos quem está por trás da review. Quem frequenta diariamente os fóruns e comunidades da internet já conhece os usuários mais antigos e sabe quem tem credibilidade ou não para opinar. Porém, quando se pesquisa uma review pelo google e acha alguma coisa em fóruns, fica a dúvida se  aquela opinião merece ser levada em conta.

Mesmo um guitarrista experiente leva algumas semanas, ou mesmo meses,  para formar uma opinião sólida sobre um instrumento, já que sabe que deve testar a guitarra em diferente situações. No entanto, é uma situação muito comum em fóruns aquela do moleque que compra a sua primeira guitarra e no mesmo dia já posta uma review falando maravilhas do instrumento ! Normal isso, empolgação só faz bem para a alma mas coitado de quem compra uma guitarra igual baseado nessa opinião !

Lembro de um caso de um usuário de um fórum que escrevia muito bem, posts longuíssimos sempre em português impecável e falando sem parar em equipamentos. Pois bem, o tal carinha postou, tretou, causou, recomendou instrumentos, detonou outros, chegou ao ponto criar um tópico para queimar o filme daquele que é considerado um dos maiores Luthiers do Brasil. Até que alguém descobriu que esse carinha era um moleque com 9 anos de idade na época e nem sabia tocar guitarra direito !!! Tudo bem, nada contra a molecada, reconheço o potencial incrível desta geração, eles são o futuro da guitarra mas uma opinião tem que ter um embasamento, coisa que só a experiência traz !

Existem ainda aqueles que eu chamo de "e-Ndorsers", carinhas pagos pelas empresas para se cadastrar nos fóruns ficar falando maravilhas dos equipamentos de um determinado fabricante sem se apresentar como endorsers de fato da empresa! Tem luthieria e handmaker de pedal por aí que são especialistas nisso !...

Tá achando ruim ?!! Isso não é nada, o pior que pode acontecer é você comprar uma guitarra ruim, coisa que até tem o seu lado bom, pois nada nos ensina mais do que uma guitarra péssima, o pior é o que acontece no mercado financeiro, onde milhares de pessoas perdem as economias de uma vida comprando ações de empresas falidas, como Laep, Mundial, Agrenco, OGX e outras por causa das mentiras e potocas que os vigaristas e estelionatários postam nos fóruns de finanças ! Bem vindo ao mundo real !!!

Mas, por outro lado, não podemos ficar esperando que apareçam super especialistas para analisar os instrumentos que nos interessam, isso simplesmente é muito difícil de acontecer. O que precisamos é de um MÉTODO que permita organizar e separar o que é opinião subjetiva do que é fato nas análises de instrumentos. Se conseguirmos isso, até a opinião de um guitarrista inexperiente passa a ter o seu valor e precisamos da opinião de TODOS, já que hoje temos milhares de marcas e modelos no mercado !

Possivelmente amanhã, postarei a continuação do assunto com uma proposta de modelo para as reviews de guitarra que pode resolver este problema !

Até e abraços !





domingo, 3 de novembro de 2013

Tocar com cordas grossas... Será que vale a pena ?!

Olá, turminha das seis cordas!!!

Se houve uma coisa que me motivou a criar esse blog foi a oportunidade de evitar que os iniciantes sejam prejudicados pelas bobagens que circulam pelos fóruns, blogs, comunidades, facebook  etc. Claro que existem ótimas informações nesses canais, mas, infelizmente, nosso instrumento é vítima de  uma série de conceitos errôneos, lendas urbanas e outras bobagens que acabam se transformando em verdade, tal é a quantidade de guitarristas (?) que assinam embaixo dessas asneiras.

Pois bem, é muito comum um iniciante receber o conselho para que leve sua guitarra em um Luthier para colocar um jogo de cordas "pesado", calibre 0.011, 0.012 ou mais, para que sua guitarra "melhore o timbre" ou para conseguir o "som" do Stevie Ray Vaughan...  Em parte, esse conselho deriva de uma uma atitude um tanto ridícula de querer mostrar que guitarra "é coisa de macho", que guitarrista bom é um "ogro" do tipo Zakk Wylde, que Stevie Ray Vaughan tocava com encordoamento .014, e tal e tal. Mas, por outro lado, as cordas mais grossas trazem mesmo uma melhora no timbre, pela sua maior massa.

A questão aqui é analisar os pontos negativos e positivos das cordas grossas para chegar a uma conclusão se vale a pena tal mudança.

Mas vamos primeiro entender a numeração das cordas de guitarra. Cada corda de guitarra tem uma espessura diferente, por isso mesmo é possível atingir diferentes afinações em cada uma. O mercado de instrumentos costuma apresentar essas medidas em polegadas ("inches") e referenciar um  determinado conjunto de seis cordas pelo calibre em polegadas da corda mais fina (a chamada "mizinha" !). Assim, quando compramos um jogos de cordas .009, essa é  medida da corda mais fina, as outras cordas do jogo, evidentemente, são mais grossas. Existe um certo padrão para as medidas das cordas dentro do jogo, com pequenas variações de fabricante para fabricante. Em geral, as medidas seguem a tabela abaixo (válida para guitarra elétrica, cordas para violão estão dentro de outro padrão), sendo que as medidas estão da corda mais fina para a mais grossa:


set "extra super light" (levíssimas): .008 .010 .015 .021 .030 .038
set "super light" (super leves): .009 .011 .016 .024 .032 .042
set  "light" (leves): .010 .013 .017 .026 .036 .046 
set "medium" (médias): .011 .015 .018 .026 .036 .050
set "heavy" (pesadas): .012 .016 .020 .032 .042 .054 


É bom saber antes que, quando compra uma guitarra nova na loja, é quase certo que ela vem com um jogo de cordas .009 e se você quiser trocá-las por um jogo de outro calibre muito provavelmente o tensor da guitarra terá que sofrer um ajuste, possivelmente será necessário o envio da guitarra para um Luthier fazer essa troca e esse serviço tem um custo, é claro.

Entendido ? Agora que já sabemos o que significam os números, vamos entender as vantagens e desvantagens associadas às cordas leves e pesadas.

Um resumo sobre as vantagens e desvantagens trazidas pelo calibre das cordas:
  • Quanto mais grossa é a corda, maior o volume de som e maior o sustain (tempo que a corda soa).
  • Quanto mais grossa é a corda, mais difícil é fazer "bends", segurar acordes, pestana, vibrato e outras técnicas.
  • Quanto mais fina é a corda, mais fácil ela se quebra.
Muito bem, vamos analisar isso na prática. Os iniciantes não possuem ainda a força e os calos dos dedos formados, coisa que vem com o tempo. Então, um jogo .009 é bastante adequado para os iniciantes, pois vai proporcionar um bom equilíbrio entre a sonoridade e a facilidade de execução. Já  um jogo .008 talvez fosse mais adequado para quem tiver mãos pequenas ou então quiser se dedicar a um estilo muito veloz de palhetada, tipo Malmsteen, mas não é uma opinião unânime. 

Já um jogo .010 para iniciantes eu só recomendaria para iniciantes se fosse em guitarras que possuem escala padrão 24.75 polegadas, como as Les Pauls, pois nesse caso o tamanho menor da escala faz com que as cordas trabalhem com uma tensão um pouco menor, não recomendo para inciantes que tenham Stratocasters e outras que possuem escala de 25.5 polegadas. Porém, para quem toca guitarra há mais tempo é uma ótima opção, eu mesmo toco usando Stratocaster com um set .010 !

Acima disso (.011, 0.012, etc) a execução se torna uma verdadeira tortura para o iniciante, sendo praticamente impossível fazer bends normais ou executar acordes com pestana.

Uma coisa que poucos notam é que os grandes mestres da Stratocaster, como Jimi Hendrix, Robin Trower, Stevie Ray Vaughan, Kenny Wayne Shepherd e outros utilizavam cordas mais grossas, porém, afinavam a guitarra meio tom abaixo para diminuir um pouco a tensão das cordas !

Então a conclusão que eu deixo aqui é que você, pelo menos enquanto tiver na fase de aprendizado, evite as cordas grossas pois essas só vão retardar o seu desenvolvimento.

Vamos lembrar o que disse Rusty Cooley, um dos guitarristas mais técnicos que existem a respeito de se usar cordas grossas:

"Tocar guitarra já é difícil, para que você quer deixar isso mais difícil ainda ?!"


Abraços a todos !